Bem Vindo ao Bolg do CAS Vitória!!

Neste blog você vai conhecer um pouco de nosso trabalho no apoio ao surdo. Você também poderá tirar dúvidas, fazer sugestões... Enfim compartilhar conhecimentos na área da Surdez.

6 de ago. de 2013

Meu filho surdo de 5 anos precisa aprender Libras?

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 Você recebeu na escola onde trabalha - como professor ou como orientador educacional - os pais ouvintes de uma criança surda de 5 anos de idade. Esses pais não aceitam que seu filho aprenda Libras. Então, você precisará orientá-los quanto à educação de seu filho. Como você explicaria a esses pais a importância da Libras para o desenvolvimento da criança surda?



 Segue a minha resposta para os pais (OUVINTES) de um filho surdo. A resposta se baseia em minha experiência com meu irmão surdo pré-linguístico, de leituras do artigos "Educação Bilíngüe e a importância da Libras para a criança surda" da profa. Giselli Mara; "Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos", da fonaudióloga Cristina Lacerda e do primeiro capítulo do livro de Oliver Sacks (Vendo Vozes) em que o autor retrata sobre a audição e história da educação dos surdos. 

Essa resposta está com um nível de língua portuguesa mais difícil para os surdos pré-linguísticos compreenderem. Se houver algum surdo que queira um texto mais simples ou se tivermos um vídeo para explicar em Libras, eu coloco aqui no blog. É só me falar. 

Se algum de vocês que ler este texto quiser contribuir, sugerir ou criticar algo no texto, fiquem à vontade.  É só dizer. Eu estou aprendendo e meu objetivo é compartilhar sobre o mundo dos surdos! ;) 

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Minha reflexão/resposta:

Diante da situação vivenciada pelo seu filho surdo em nossa escola, gostaria de apresentar algumas razões importantes para que seu filho aprenda Libras.

O seu filho nasceu surdo e desde os primeiros momentos de sua vida, não teve ainda contato com sua língua natural que é a língua de sinais. No caso do Brasil, a língua de sinais se chama Libras (Língua Brasileira de Sinais). Da mesma forma, por não ouvir, ele também não teve e ainda não tem contato com a língua portuguesa. Diferente de uma criança ouvinte (que ouve) ele não pode aprender o português em seu dia-a-dia com seus familiares, colegas e outras pessoas. Desta forma, seu filho esteve até hoje, sem acesso a uma lingua formal para se comunicar, expressar seus sentimentos, interagir com o mundo. Essa capacidade de interagir e se comunicar com o mundo caracteriza a linguagem que, por sua vez, utiliza a língua de sinais como instrumento.

A aprendizagem da língua portuguesa para uma criança surda não proporciona o desenvolvimento de suas funções mentais de forma adequada pois sua língua natural é a língua de sinais. Os surdos tem uma percepção visual e não auditiva. Com isso, é muito difícil para o surdo aprender a língua portuguesa sem antes ter aprendido sua língua natural. Geralmente, demora uns 10 anos.

Vários estudos já foram realizados com crianças surdas que não tiveram contato com a língua de sinais nos primeiros anos de vida. Essas crianças tiveram um comprometimento no desenvolvimento cognitivo. Eu tenho um irmão surdo que não teve oportunidade de aprender Libras em seus primeiros anos de vida por questões sociais e educacionais. Com isso, hoje, já adulto, se percebe uma dificuldade na leitura e escrita da língua portuguesa. Além de ter também uma defasagem no vocabulário em comparação com outros surdos que tiveram acesso à língua de sinais nos primeiros anos de vida (até uns 7 anos, em média).

A língua de sinais tem então além da função social e comunicativa, também uma função cognitiva pois possibilita o desenvolvimento do pensamento (abstração, generalização etc). A linguagem exerce uma função organizadora e planejadora. Por outro lado, estudos sobre crianças surdas, filhas de surdos, demonstram que estas apresentam desenvolvimento linguístico, cognitivo e acadêmico comparáveis ao de crianças ouvintes, filhas de pais ouvintes, o que apontam para a importância dos surdos serem expostos a língua de sinais o mais cedo possível.


Os problemas sociais e de desenvolvimento para uma criança surda que não aprende língua de sinais, já comprovados são:

  • O conteúdo de educação dos surdos é pobre em comparação com as ouvintes pois gasta-se muito tempo ensinando a criança surda a falar (5 a 8 anos de ensino individual intensivo). Com isso, sobra pouco tempo para transmitir informações, cultura, habilidades complexas ou qualquer outra informação;
  • Como ela demora a aprender a língua portuguesa e não aprende Libras, ela fica sem oportunidade de usar a linguagem, um dos principais recursos para solução de tarefas
  • A criança não saberá como recorrer ao planejamento para solução de problemas, pois sem uma língua ela perde a capacidade de proposionar. Uma criança sem uma língua não é capaz de proposicionar interna ou externamente. O proposicionar está relacionado a se expressar, de dizer às outras pessoas o que pensa e para dizer a si mesmo o que pensa.
  • Com esses problemas, a criança não adquire independência, não controla seu próprio comportamento e ambiente e não se socializa adequamente.

O neurologista Oliver Sacks destaca que um aspecto essencial na educação de surdos: “as pessoas profundamente surdas não mostram em absoluto nenhuma inclinação inata para falar. Falar é uma habilidade que tem de ser ensinada a elas, e constitui um trabalho de anos. Por outro lado, elas demonstram uma inclinação imediata e acentuada para a língua de sinais que, sendo os que a aprendem (como primeira língua) e possui a beleza e excelência instrínsecas, às vezes superiores às da fala’”.

 Curso básico e intermediário de                                  Libras

06/08/2013 - 

Comunicação Sedu 
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A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) divulgou oportunidades para o curso de Língua Brasileiras de Sinais (Libras) nos níveis básico e intermediário. São 690 vagas disponíveis nos municípios de Vitória, Vila Velha e Cachoeiro de Itapemirim. Os interessados devem fazer as inscrições até esta sexta-feira (09) nos Centros de Formação de Profissionais de Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez - Escola Oral e Auditiva (CAS/EOA), no horário de funcionamento das instituições. O edital foi publicado nesta terça-feira (06) no Diário Oficial.
No ato da inscrição, os candidatos deverão apresentar cópia do documento de identificação com foto; cópia de comprovante de residência; cópia de documento que comprove vínculo empregatício (exigência somente para servidores públicos); comprovante de que cursou o Curso de Libras Básico com a carga horária mínima de 120 horas (somente para os candidatos ao curso de Libras Intermediário) e termo de compromisso assinado (somente para profissionais do magistério da rede estadual de ensino).
Os candidatos inscritos, de acordo com os critérios estabelecidos neste edital, que não comparecerem no 1º dia de aula sem justificativa, terão suas inscrição automaticamente canceladas, sendo substituídos pelos relacionados na lista de espera.
As pré-inscrições, feitas dentro do período estabelecido mas fora do limite das vagas disponíveis, serão reorganizadas por ordem como lista de suplentes, podendo o candidato ser chamado.
O curso terá como finalidade formar profissionais do magistério, servidores de órgãos públicos em geral e comunidade local, nos níveis básico e intermediário, como forma de garantir a comunicação com as pessoas surdas por meio da Língua Brasileira de Sinais.
A metodologia do curso vai envolver aulas expositivas e dialogadas, grupos de debates, atividades práticas individuais e em grupo e avaliação do conhecimento teórico e prático. A carga horária total será de 120 horas, ministradas na modalidade presencial.
Os participantes dos cursos deverão frequentar, no mínimo, 90% das aulas para efeito de certificação.